
Quando Clara tinha uns treze anos, saiu com a sua irmãzita Inês, como que impelida pelo Espírito de Deus, a dar um passeiozinho até à pequena igreja de S. Damião. Aí encontraram Francisco a trabalhar na sua reconstrução. Francisco tinha interpretado à letra a voz dum crucifixo bizantino daquele templo em ruínas. Essa voz dizia-lhe:
"Francisco, vai e repara a minha casa que se está a desmoronar!"
Então. Francisco, cheio de zelo, percorreu ruas e praças a mendigar materiais para a reconstrução do pequeno templo de S. Damião.
Imitando o pregão dos trovadores, o airoso mendigo voluntário apregoava:
"Quem me der uma pedra, terá um prémio; quem me der duas pedras, terá dois prémios; quem mais pedras me der, maior prémio terá...
Clara sentia-se encantada com este trovador alegre que pedia por amor a Deus. Mas entendia que ele oferecia muito mais do que pedia: era o prémio da graça e o céu. Por isso ela influenciou os seus a ajudar Francisco na sua obra.
Nesse dia, então, Clara chegou lá com Inês.
Quando Francisco as viu, encarrapitou-se na parede e, como inspirado, começou a dizer alegremente em francês:
"Venham ajudar-me na obra deste convento de S. Damião, porque, no futuro, nele habitarão umas senhoras por cuja vida famosa e santa se dará glória ao Pai celeste em toda a sua Igreja".
Esta proclamação profética soou e ressoou no coração de Clara e Inês, e nunca mais seria esquecido nem mesmo na velhice.
In, Vida de Stª Clara, Editorial Missões, 3ª Ed, Janeiro 2012, ISBN 972-577-176-1